01. Começo por uma pergunta um tanto ou quanto filosófica. O que é a Moda?
A Moda sou eu...
02. Sendo arquitecto de formação, não resisto a pedir-te para comentares a citação de Coco Chanel: "Fashion is architecture. It is a matter of proportions".
Quem sou eu para comentar alguma coisa dita por ela.
03. Pode dizer-se que a Arquitectura também tem moda?
A Arquitectura tem modas.
04. Estamos habituados a editores, críticos e produtores de moda excêntricos, como Anna Piaggi, ou implacáveis, como Anna Wintour. Pessoas com bastante conhecimento e, a maior parte das vezes, com bastante substância. Mas deparamo-nos agora com fenómenos verdadeiramente bombásticos como William Sledd ou Bryan Boy. Vindos do nada e determinados a fincar o pé em sítios como por exemplo a Internet. A que atribuis este acontecimento?
Eu não sei se a Anna Piaggi e a Anna Wintour têm bastante substância, já estive com as duas e de facto a primeira é "excêntrica" e a segunda implacável. Acho absolutamente maravilhoso que o mundo, na aldeia global em que se transformou, dê à luz "fenómenos" como o William Sledd ou o BryanBoy, ainda que tenham a importância que têm...
05. A moda é indissociável das marcas que a desenvolvem. As marcas são qualquer coisa de desejável, encarnando simultaneamente o conceito de fetiche, de fruto proibido e de símbolo de poder. Mas hoje, mais do que nunca, as marcas deixaram de servir unicamente a Realeza, ou as Divas, para passar a vestir cantores Pop, Rappers, ou Futebolistas. É esta a democratização da Moda?
A moda antes de mais nada é uma indústria milionária, vende sonhos e ilusões, se estamos na era dos futebolistas e dos artistas pop, let´s go for it.
06. Qualquer marca sólida tem por trás investidores sólidos. É caso para dizer que o dinheiro dita as regras da própria moda?
Money talks, bullshit walks...
07. Entrando um pouco na tua esfera pessoal, posso afirmar que és excêntrico, na medida em que te vestes de forma diferente de um rapaz da mesma idade que tu (nós). O gostar de chocar é uma condição da moda?
Não, de todo. Não me considero excêntrico, sou "fantasioso", que é muito mais uma característica da moda, ainda que não seja condição.
08. Uma pessoa é aquilo que veste?
A maneira como nos vestimos é a extensão da nossa personalidade, assim entendo que uma pessoa não é aquilo que veste, mas mostra aquilo que é naquilo que veste.
09. Há 30 anos Ana Salazar desbravou o caminho da afirmação da moda portuguesa no estrangeiro. Como caracterizas a moda em Portugal? Estamos hoje como estávamos há 30 anos?
É uma indústria sem grande expressão, somos bons a fabricar para os outros, infelizmente. A moda está na moda, mas a ela está inerente uma "cultura de moda" que em Portugal não existe, não há dinheiro, não há referências internacionais, as pessoas, ainda, estão demasiadamente preocupadas com as vidas dos outros.
10. O que é para ti the peak of chic?
A liberdade.
11. Um estilista internacional? E um português?
Karl Lagerfeld. Não acompanho o trabalho dos portugueses, mas talvez a Ana Salazar, pelo pioneirismo.
12. Onde te imaginas daqui a 10 anos?
Deixei de programar a minha vida com tanta antecedência...
Qual é a sua opinião?
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01. I’ll start by asking a somewhat philosophical question. What is fashion?
I’m fashion...
02. As an architect, I can’t help asking you to comment on the following quote, by Coco Chanel: "Fashion is architecture. It is a matter of proportions".
Who am I to comment on anything she’s said?
03. Can we say that Architecture also withholds fashion?
I would say Architecture has trends.
04. We’re used to eccentric fashion editors, critics and designers, such as Anna Piaggi, and ruthless ones too, such as Anna Wintour. These are knowledgeable people who are also, in most cases, of quite a lot of substance. But now we see ourselves with absolutely bombastic phenomena such as William Sledd or Bryan Boy. They arose from nothingness and are determined to mark their territory in places like the Internet. What do you believe to be the foundation of this sort of situation?
I’m not quite sure about either Anna Piaggi or Anna Wintour being people of substance, though I’ve been with both and the first is in fact “eccentric” and the second is undoubtedly ruthless. I think it’s absolutely wonderful that the world, as the global village that it has definitely transformed into, gives birth to “phenomena” such as William Sledd or BryanBoy, in spite of their importance…
05. Fashion is impossible to detach from the brands that develop it. Brands are quite desirable, bearing simultaneously the concepts of fetish, forbidden fruit and power. But today, more than ever, brands have ceased to exclusively serve Royalty or Divas, to begin dressing Pop Singers, Rappers and Soccer Players. Can this be seen as the democratization of Fashion?
Fashion is, above all, a millionaire industry, it sells dreams and illusions, if we’re in the age of soccer players and pop artists, let’s go for it.
06. Any well positioned brand has solid investors behind it. Can we say that money makes the rules of fashion?
Money talks, bullshit walks...
07. Allowing myself to be somewhat intrusive, I suppose it’s safe to say that you’re quite a bit of an eccentric person, if the fact that you dress yourself differently from what a guy your (our) age would is taken into account. Is getting a kick out of shocking people a condition of fashion?
No, not at all. I don’t see myself as an eccentric; I’m a “fantasizer”, which by the way is much more of a trait of fashion, though it is not a condition.
08. Are people what the wear?
The way we dress is the extension of our personalities, thus I believe that a person isn't what he or she wears, but they show what they are in what they wear.
09. Thirty years ago Ana Salazar made way for the affirmation of Portuguese fashion abroad. How would you portray fashion in Portugal? Are we in the exact same spot we were 30 years ago?
It isn’t a very significant industry; we’re good at manufacturing for others, unfortunately. Fashion is in fashion, but to it is inherent a “fashion culture” that in Portugal does not exist; there is no money, there are no international references and people are still too worried with the lives of others.
10. What do you consider to be the peak of chic?
Freedom.
11. An international designer? And a Portuguese one?
Karl Lagerfeld. I don’t watch Portuguese designers closely at all, but maybe Ana Salazar for her trailblazing.
12. Where do you see yourself in ten years?
I don’t think that far ahead anymore...
translated by Manuel Costa Campos
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Boring / Null
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