6 de fevereiro de 2009

Entre][vista_Cabracega, estúdio criativo

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01. Começo por vos perguntar o que é a Cabracega. No vosso site podemos ler que é um estúdio criativo que pretende oferecer novas experiências em campos muito diferentes. Mas como funciona e como nasceu a ideia?

O estúdio Cabracega nasceu de um desejo comum de materializar ideias que pudessem interferir de uma forma positiva e original no quotidiano das pessoas. Assim, a sua actividade toma a forma de projectos multidisciplinares com um carácter experimental e inovador, que lançam questões que podem ir desde o design industrial até à economia social.
Hugo Tornelo e Pedro Alegria, com formação em Experience Design (Design Academy Eindhoven), constituem a equipa criativa da Cabracega e Rita Gonzalez, com formação na área de Marketing, apoia a implementação e comunicação dos projectos.

02. Têm já alguns trabalhos importantes. Mas um dos mais marcantes foi sem dúvida a Lisboa Sensorial. Peço-vos que expliquem em que consiste e como criaram todo o conceito.

A ideia do projecto Lisboa Sensorial surgiu depois de inúm
eras visitas a um restaurante perto da sede da ACAPO, em Lisboa, onde também paravam muitos cegos. Proporcionavam-se, assim, algumas conversas, nas quais tentávamos satisfazer a nossa curiosidade e perceber como era o dia-a-dia dos cegos, como se orientavam na rua, como faziam as suas tarefas diárias; foi assim que surgiu o projecto Lisboa Sensorial.
A criação de uma experiência sensorial foi uma das bases d
o projecto Lisboa sensorial, realizado em parceria com a Lisbon Walker e ACAPO. Queríamos mostrar às pessoas uma nova maneira de entender o espaço urbano. O projecto apresenta-se como passeios às cegas por um percurso em Alfama por nós coreografado, onde os participantes, de olhos vendados, são conduzidos por um guia sensorial, um cego que partilha e analisa as suas referências sensoriais e um guia histórico, que dá uma contextualização histórica e social do passeio.
Na altura, Alfama foi a escolha natural para a implementação do projecto, devido à sua riqueza em termos sensoriais e por ser um lugar onde as pessoas vivem muito a rua, o que contribui para a sensação de que se está numa pequena vila dentro de uma grande cidade. Durante os passeios, veio a comprovar-se o envolvimento da população “alfamista”, que interage com os participantes e proporciona sempre imprevistos qua ajudam a melhorar a experiência do passeio.
Com este projecto, para além da criação de uma experiência sensorial, alcançaram-se outros objectivos que estiveram presentes desde o
início: a oferta de um serviço diferenciado que representasse uma nova oportunidade profissional e social para os cegos (aquilo que a sociedade vê como um handicap, aqui torna-se uma mais valia) e a possibilidade de desmistificação da imagem do cego como uma pessoa dependente e fragilizada.
A sustentabilidade do projecto é algo que também se conseguiu assegurar, pois todas as partes envolvidas são remuneradas pela sua participação, o que pressupõe um modelo de economia social que cria dinâmicas dentro de uma comunidade.
Actualmente, o projecto acontece em Lisboa nos últimos sábados de cada mês através da Lisbon Walker, mas está prevista a sua implementação também em Torres Vedras e, a nível internacional, em Singapura.



03. Lisboa Sensorial está hoje implantado e contribui activamente para a dinamização de uma parte da cidade, e, neste caso, sobretudo para a comunidade cega, que vê aqui uma oportunidade de valorização concreta - são eles os guias dos visitantes. As cidades podem ser desagradáveis para as pessoas com limitações de vários níveis. Como podem então estas e outras estratégias ajudar quem projecta as cidades a resolver o problema?

Não se tratando do objectivo primeiro, sem dúvida que a sensibilização para os múltiplos obstáculos que um cego pode encont
rar em Lisboa vem à superfície com este projecto. Esta sensibilização poderá revelar-se eficaz pela intensidade que representa experienciar a ausência da visão na rua durante cerca de uma 1h:30m, oferecendo-nos assim uma perspectiva totalmente diferente do mesmo espaço.
Alguns dos participantes, contaram-nos mais
tarde, como, de uma forma involuntária e por momentos, dias depois, recordavam a experiência em locais tão distintos como supermercados, ou mesmo em casa, e perguntavam-se: “Se fosse cego, como seria estar aqui?” Enquanto criadores, a consciencialização da existência de “mundos diferentes” irá influenciar futuros projectos.
É comum, enquanto criadores, deixar-mo-nos “ofuscar” pelo projecto por nós definido e, involuntariamente, ignorarmos algumas premissas durante o processo, mas, na verdade, qualquer projecto à escala humana só estará terminado com a presença de pessoas. O projecto Lisboa Sensorial apenas visa promover a discussão e reflexão sobre o espaço na ausência da visão, mas existem inúmeras premissas que podem e devem ser tomadas em consideração.



04. Faço-vos agora uma pergunta mais teórica. De que forma entendem o Design? Quais os problemas que esta disciplina hoje enfrenta?

É uma pergunta muito vasta que, certamente, não terá apenas uma reposta, mas podemos dizer que entendemos que o Design se define por inúmeras vertentes e cruzamentos interdisciplinares, e que procuramo
s focar-nos sempre na questão central de cada projecto, sem definirmos à partida em que suporte assentará o resultado; poderá ser um objecto, um serviço, um espaço, um poster, um documentário, ou mesmo todos eles. A solução não deverá ser definida pelo suporte, mas o suporte é definido pela melhor solução.
Certamente que existem projectos com o suporte definido à partida, e, nesses casos, cumprimos com os objectivos, mas não se invalida a eventualidade de superar a expectativa com uma resposta mais completa. Aliás, podemos até verificar que o ensino de Design procura, cada vez menos, definir-se como “Design de Produto, Interiores, Moda ou Gráfico”, para passar a apresentar-se d
e uma forma mais abrangente como, por exemplo, “Man and Living” ou “Man and Leisure” (o que se verifica na Design Academy Eindhoven, por onde passou a equipa criativa da Cabracega). Neste caso concreto, a abordagem ao Design debruça-se mais sobre a relação do Homem com o “mundo”, nos seus mais diversos contextos.

05. Queria agora falar, ainda que de forma breve, do vosso projecto SEED – “Memórias de S. Tomé e Príncipe”, no qual os artesãos santomenses foram convidados a trabalhar conjuntamente com empresas de hardware electrónico, na criação de objectos com um valor artístico acrescentado. O que significou pedir a estas pessoas para ajudarem a criar objectos que muitas delas nunca tinham sequer visto?

De certa forma, foi um choque calculado. A criação deste objecto procurava introduzir o artesanato santomense num contexto internacional, juntando assim dois mundos totalmente distintos. Deste encontro de opostos – artesanato e tecnologia – surgiram vários momentos inesperados. Mas mais do que um objecto criou-se um serviço que permite aos artesãos auferirem do ordenado mínimo local apenas num dia e meio de trabalho, e esse factor em muito ajudou para a c
olaboração dos diversos artesãos.
Durante o desenvolvimento do projecto, um dos artesãos envolvidos na produção destes objectos teve aulas básicas de informática e de acesso à internet, o que resultou noutro choque calculado...

06. Um dos objectivos deste projecto era demonstrar às empresas formas novas de promover o desenvolvimento humano. Parece-me que todos sabemos o que fazer mas muitas vezes não sabemos como fazê-lo. No entanto, quando fui a S. Tomé, tive a oportunidade de ver o funcionamento efectivo do projecto no local. Os hotéis mostram aos turistas estes produtos com um orgulho encantador. Como se implementa um projecto destes e sobretudo como asseguramos a sua perpetuação?

Com manifestações de interesse, prefere
ncialmente financeiras. Com este projecto, debruçámo-nos sobre o conceito de Economia Social, o que consideramos constituir um passo importante para o seu sucesso e proliferação, em vez de nos focarmos apenas na responsabilidade social. Entendemos que a economia social, por si, já implica a responsabilidade social, e consideramos que estes conceitos são, muitas vezes, confundidos. Devemos entender que a pior ajuda é dar e, infelizmente, existem inúmeras entidades que o fazem, fragilizando e viciando assim os seus beneficiários. Recorrentemente, trata-se apenas de uma questão de comodidade para ambas as partes, uma vez que vai servindo os seus propósitos a curto prazo: por um lado, existem várias entidades que gostam de criar dependências, justificando assim a sua missão e presença contínua, por outro lado, temos as comunidades que vão beneficiando dessas “esmolas” garantidas. Antes de ajudarmos alguém, devemos perguntar se se quer ser ajudado, em que é que se quer ser ajudado e, posteriormente devemos procurar ajudar com incentivos reais e responsabilidades repartidas. Neste sentido, e da mesma forma que este projecto se revela extremamente lucrativo para os artesãos envolvidos, também as entidades envolvidas na gestão de todos estes processos auferem de lucros consideráveis, o que lhes permite financiarem outras actividades; assim se explica a envolvência contínua destas entidades de solidariedade social e a sua fácil proliferação para outros países.

07. Clare Brass, da SEED Foundation - Social Environmental Enterprise + Design defende que a sustentabilidade aplicada ao Design não deve centrar-se no objecto em si, mas em toda a complexa rede de infra-estruturas que a rodeia. O que quer ela dizer exactamente com isto?

Se tomarmos o nosso projecto SEED – pura coincidência – como exemplo, podemos justificá-lo precisamente com a resposta que demos acima; as pens usb em madeira esculpida, mais do que um objecto, são um serviço que beneficia todos os envolvidos e não parecem representar quaisquer problemas em termos ecológicos, ambientais, económicos e sociais, quer a nível local e global. Claro que podemos ir mais fundo e olhar para o material que compõe os chips, ou as condições dos trabalhadores da fábrica... mas será sempre utópico procurar mudar o mundo em apenas um dia, ou com apenas um projecto.

08. Se olharmos para o Design como uma abordagem integrada centrada nas pessoas e na resolução dos seus problemas, surge-nos uma pergunta inevitável. Como poderá esta disciplina ajudar a dar a volta à presente crise?

Com a presente crise, certamente, surgirão novas necessidades e, por isso, também novas oportunidades. Essas oportunidades passam pela necessidade de se ir reinventando tudo, algo que julgamos cara
cterizar o Design. O design já não parece tratar do desenho de uma cadeira, mas antes do ritual de sentar.
Adicionalmente, e num panorama geral, estudos de novas tendências apontam para um “consumo de experiências” e, paralelamente, para um “design de experiências”, como um mercado potencial para o futuro próximo, o que representa uma boa oportunidade para a Cabracega.

09. Que conselho(s) dariam a jovens estudantes de Design ou de Marketing que estejam a preparar a sua difícil entrada no mercado profissional?

Se tiverem conselhos também gostaríamos de ouvir...

10. Onde se imaginam daqui a 10 anos?

Sabemos que amanhã vamos estar por Lisboa, mas ainda nem sequer sabemos, quando e para onde, vamos de férias este ano...

Alguma coisa a dizer?

Dê uma espreitadela



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01. I’ll start by asking you what Cabracega is. In your website we learn that it is a creative studio that has the intent of offering new experiences in a variety of fields. How does this project work and how was it conceived?

The Cabracega studio is the offspring of a common desire to materialize ideas that contain the potential to interfere in a positive and original manner in people’s daily lives. Cabracega’s activity is thus based on multidisciplinary projects with an experimental and inovative connotation that revolve around a range of subjects, from industrial design to social economy.
Hugo Tornelo and Pedro Alegria have degrees in Experience Design (Design Academy Eindhoven) and are the Cabracega’s creati
ve team and Rita Gonzalez, who studied Marketing, supports the implementation and publicising of the studio’s projects.

02. Some of your work is already considered to be of certain importance. One of the most striking of your projects was that of Lisboa Sensorial. I would like to ask you to explain what this concept represents and how it was conceived.

The idea behind Lisboa Sensorial came up after a number of visits to a restaurant by the headquarters of ACAPO, in Lisbon, where a lot of blind people hang around. Several chats occurred while we were trying to understand the daily life of blind people as to how they managed in the city streets and how they went about their everyday chores. This is how the Lisboa Sensorial project was born.
The creation of a sensory experience was one of the core ideas behind the Lisboa Sensorial project, which was jointly put together by Cabracega, Lisbon Walker and ACAPO. We wanted to show people a new wa
y of understanding urban space. The project consists on blind walkabouts in a previously determined circuit in Alfama, where the blindfolded participants are to be directed by a sensory guide, a blind person who share sand analyzes his sensory references, and a historical guide, who brings the historical and social components of the walkabout into context.
At the time, Alfama was the obvious choice for the execution of the project, due to its wealth in sensory terms, and due to it being a place where people greatly appreciate being out on the street, creating thus the
sensation of being in a small town within a large city. During the walkabouts the inhabitants of Alfama eventually came to interact with the participants, which would enhance the whole experience.
With this project, apart from the creation of a sensory experience, we also managed to accomplish other goals: the supply of a differentiated service that would represent a new professional and social opportunity for the blind (that which society perceives to be a handicap became a valuable trait) and the possibility of demystifying the image society has of the blind as fragile and depending people.

We also managed to assure the sustainability of the project, for everyone who takes part in it is paid accordingly, which makes for the implementation of a social economy model that creates certain possibilities of interaction within a given community.
The project is currently being executed in Lisbon on the last Saturday of every month through Lisbon Walker and it is also to be implemented in Torres Vedras and, internationally speaking, in Singapore.



03. Lisboa Sensorial is now implemented and it actively contributes to the dinamization of a part of this city, and of the blind community which grasps the opportunity of very real valorization – they are the participants’ guides. Cities can be unkind to people with limitations. How do you believe these and other strategies may help those who project cities in order to solve such an issue?

Though it is not a primary objective, it i
s unquestionable that the various obstacles the blind may come across in Lisbon are highlighted and taken awareness of. This awareness may reveal itself as an effective way to give us a completely alternative perspective of a given space, through the intensity that is inherent to the experience of having no vision while walking around streets for a period of one and a half hours.
Some of the participants later told us that they would involuntarily and momentarily reminisce the experience in places such as supermarkets or at home and would ask themselves: “If I were blind, how would it feel to be here?”. As creators, we believe that the awareness of the existence of “different worlds” will have an influence on future projects.

It is common, as creators, for us to be “blinded” by the project we defined and, involuntarily, ignore some premisses along the way, but, in truth, any project on the human scale will only see itself fulfilled with the presence of people. The Lisboa Sensorial project only envisions to promote the discussion and reflection about space with the absence of vision but there is a number of premisses that should be taken into account.

04. Moving on to a more theoretical question, I would like to ask you how you understand Design. What are the issues that if faces nowadays?

This is a very broad question which most certainly won’t have a single answer. Still, we can say that we believe that Design defines itslef by a number of different interdisciplinary subjects and connections, and that we always seek to focus on the core issue of each project, without previously defining upon which platform the result will be presented; it may be an object, a service, a space, a poster, a documentary, ou maybe even all of them at once. The solution should not be defined by the platform, but the platform is chosen in accordance with the best solution.
Of course, there are projects that have predefined platforms and, in such cases, we abide by them, but the eventual exceeding of expectations with a more complete response is not taken out of the equation.
We can see that Design seeks less and less to define itself as “Product, Interior, Fashion or Graphic Design”, to become something that presents itself in a broader manner, such as “Man and Living” or “Man and Leisure” (as we can see in the Design Academy Eindhoven, where the Cabracega creative team has studied). In this specific case, the approach to Design rests upon the relationship Man has with the “world” in its various contexts.

05. I’d like to talk about your SEED project – “Memórias de S. Tomé e Príncipe”, even if briefly, in which artesans of São Tomé e Príncipe were invited to work in collaboration with the electronic hardware industry in order to create objects with a certain artistic value. What did it mean to you to ask these people to help in the creation of objects that many of them had never even heard of?

It was a bit of a calculated shock. The creation of this object had the purpose of introducing this country’s craftsmanship in an international context, bringing together two very distinct worlds. This mixture of craftsmanship and technology had a number of unexpected outcomes. Not only was an object created but also a service which allowed for the artesans to make minimum wage in only a day and a half’s work, which was one of their key motivators.
During the project’s development, one of the artesans who made these objects had basic classes on how to use a computer and access the Internet, which resulted in another calculated shock...

06. One of this project’s goalds was to show large companies new ways of promoting human development. I believe we all too often know what to do but not how to do it. Still, when I went to S. Tomé, I had the opportunity to see the project’s activity. Hotels show these products to turists with a charming pride. How is it that one implements such a project and how is its perpetuation to be assured?

With displays of interest, namely financial ones. With this project we based ourselves on the concept of Social Economy, which we believe to be an important step in its success and proliferation, instead of simply focusing on social responsability. We believe that social economy already implies social responsibility and we consider the concepts to be often mixed up.
We should understand that the worst kind of help is to give and, unfortunately, inumerous entities do this, weakening and addicting their beneficiaries. It is actually not much more then a question of convenience for both parts, as it serves its purposes in the short term: on the one hand there are numerous entities that relish on creating dependency, justifying they’re mission and continuous presence; on the oher hand, there are the communities that take benefit from these taken for granted “alms”. Before helping someone we must ask if they want to be helped and what kind of help they need, then and only then should we seek to help with real incentive and shared responsibility. With this in mind, and in the same way as it proves itself to be extremely lucrative to the artisans, the entities involved in the management of all these processes also benefit from considerable profit, which grants them the opportunity to finance other activities. This is how the continuous envolvement of these social solidarity entities and their easy expansion to other countries is explained.

07. Clare Brass, of the SEED Foundation – Social Environmental Enterprise + Design defends that sustainability in Design should not be applied to the object itself, but to the comlpex network of infrastructures that surrounds it. What exactly does she mean?

If we consider our SEED project – pure coincidence – as an example, we can justify it with the answer to the previous question: the pen drives sculpted in wood, more than an object, are a service that benefits all of the involved and it doesn’t seem to represent any kind of ecological, environmental, economical, or social problems, both locally and globally speaking. Of course, there still is the matter of the composition of the chips or the conditions under which people work in at the factory... but it will always be rather an utopian ideal to seek to change the world in a single day or with only one project.

08. If we look at Design as an integrated approach, centered on people and in the solving of their problems, an inevitable question comes up. How can Design help in turning the tide in the present day crisis?

With the present crisis, new needs will certainly be born, along with new opportunities.
Those opportunities have a lot to do with the need to gradually reinvent everything, which is something we usually think describes Design. Design is no longer the design of a chair, but the ritual of sitting down.
Furthermore, and looking at the big picture, new tendencies studies point to an “experience consumerism” and also to a sort of “experience design”, as potential markets for the future, which represents a good opportunity for Cabracega.

09. What advice would you give to young Design or Marketing students who are on the verge of the transition from academic life to professional life?

If you have any advice to give, we’d also like to hear it...

10. Where do you see yourselves in 10 years?

We know that tomorrow we’ll be in Lisbon, but we don’t even know when and where we’re going on vacation this year...

Translated by Manuel Costa Campos
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http://www.cabracega.org/


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