22 de setembro de 2008

Entre][vista_Filipe Canha, performance artist


Mr Eggman
concept by Filipe Canha & Alejandra Pinggera

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01. Como é a tua arte? Sei que incides sobre temas fortes, procurando também reacções fortes. Reages exactamente contra o quê?

Não reajo contra nada, apenas questiono e abordo questões que para mim são fulcrais num mundo contemporâneo. Realidade e factos.

A minha arte é:
As a multidisciplinary artist working mainly with staged performance and installation, I am consistently exploring innovative and non-traditional ways of reacting to presumptions and prejudice implanted in society. The body is a central element in my work which reflects my life experiences and my education. My performances are labeled "Victim Art", "Political Art" and "In your Face Art" focusing on race, incest, rape, class, gender, sexual minorities, molestation, facts, pain, frustrations, solitude, illness, medicine. Having as a vice working with video cameras, other machines variety and computer programs on stage, I endeavor to work on organicity between the mentioned devices and the body. I strive through movement and voice to provoke thoughts evoking emotions and establish a relationship between the art-work and the viewer.


02. Aarte performativa pode ser qualquer situação que envolva o tempo, o espaço, o corpo do artista ou a sua relação com o público. No teu caso qual é o elemento dominante?

São vários os elementos dominantes. O corpo no Espaço e o Tempo são essenciais e é a partir daí que componho. Uso também como base texto, corpo, vídeo, artes plásticas…mas tudo tem de vir de uma pesquisa muto grande para cada trabalho específico, o conceito.

Normalmente eu faço todo esse trabalho, é raro ter alguém a trabalhar comigo. Nesta performance que estou a desenvolver agora, Toilet Zone, por acaso tenho uma intérprete, um sound designer and composer a trabalhar comigo, e uma produção executiva. Mas, como disse, são raras as vezes em que trabalho com outros artistas.

03. Em Arquitectura procuramos sempre que o nosso trabalho se adeque à dinâmica espacio-temporal onde se insere. Na arte performativa qual é o papel desta dinâmica?

Depende do trabalho do Artista. No meu caso, e volto a repetir, o corpo no Espaço e o Tempo são essenciais e é a partir daí que componho.

04. O que distingue esta forma de arte das artes mais clássicas como a pintura ou a escultura?

É uma forma artística que tem como base uma profunda pesquisa e análise. Um conceito pessoal, individual. É uma evolução do saber clássico. A pesquisa muitas vezes passa pelo clássico e por tradições, fazendo adaptações para um mundo contemporâneo. Muitas vezes pesquiso a história da pintura e escultura como inspiração ou como input de uma situação específica. Não nos podemos esquecer que teatro e dança também têm uma história tão grande como a escultura ou a pintura.


05. Sendo o teu trabalho sobretudo um resultado em performances, pressupõe-se um relacionamento forte, directo ou indirecto, com o público. Tentas prever esse relacionamento quando crias uma peça, ou é ele também um factor de descoberta?

O relacionamento é directo. Estamos a falar de um trabalho político, in your face.

O relacionamento com o público pode ser um factor de descoberta ou não. Mas os dois estão sempre muito presentes – o eu político consciente. Às vezes tenho duas respostas ou mais para reacções diferentes. Outras vezes deixo levar-me e a própria situação dá-me a resposta chave.

06. Concordas com Oscar Wilde quando ele diz: Life imitates art far more than art imitates Life?

Não, não gosto desta palavra “imitação”... inspiração talvez. Nada se repete, a vida e a arte são momentos e manifestação efémeras.

07. O que estás a preparar agora?

Toilet zone entre várias outras coisas…vídeo-instalações, etc. Mas neste momento estou mais focado no Toilet zone.

08. Faço-te agora uma pergunta de carácter mais vago. Qual é o estado da Arte em Portugal?

Contemporâneo e politicamente nulo…ou melhor, aí poderia concordar com Oscar Wilde…uma imitação (risos).

09. Um artista internacional? E um português?

Marina Abramovic, entre muitos. Vera Mantero.


10. Onde te imaginas daqui a 10 anos?

Não em Portugal certamente.

Alguma coisa a dizer?

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01. How would you describe your art? I know you focus on trenchant themes, thus striving to produce intense reactions. What is it that you react against, exactly?

I don’t react against anything; all I do is question and analyze what I consider to be key subjects in the contemporary world. Reality and fact.

My art is:
As a multidisciplinary artist working mainly with staged performance and installation, I am consistently exploring innovative and non-traditional ways of reacting to presumptions and prejudice implanted in society. The body is a central element in my work which reflects my life experiences and my education. My performances are labeled "Victim Art", "Political Art" and "In your Face Art" focusing on race, incest, rape, class, gender, sexual minorities, molestation, facts, pain, frustrations, solitude, illness, medicine. Having as a vice working with video cameras, other machines variety and computer programs on stage, I endeavor to work on organicity between the mentioned devices and the body. I strive through movement and voice to provoke thoughts evoking emotions and establish a relationship between the art-work and the viewer.


02. Performance art may be seen as any given situation that involves time, space, the artist’s body or his/her connection to the public. What is the dominant factor in your case?

There are quite a few dominant factors. The body in Space and Time are essential and it is from that point that I begin composing. I also use text, the body, video, and plastic arts in general as a base; but it all comes from a previous extensive research made for each specific piece, the concept itself.

I’m the one who usually does all this work, it is quite rare for someone to be working with me. However, in the performance I’m currently working on, Toilet Zone, I have an interpreter, a sound designer and composer working with me, and also an executive production. But, as I said, seldom do I work with other artists.


03. In Architecture we always try to make our work match the spatial and temporal dynamics of where it is to be implemented. What is these dynamics’ role in performance art?

It depends on the Artist’s work. In my case, as I have stated before, the body in Space and Time itself are essential and that is what I use to compose.

04. What is it that separates this form of art from the more conventional arts, such as painting or sculpture?

It is a form of art that has both a deep research and analysis at its core. A personal, singular concept. It is an evolution of the conventional knowledge. Research is often related to conventional and traditional elements that are worked on and adapted to a contemporary world. I quite often turn to the history of painting and sculpture as a source of inspiration or as the input of a specific situation. We cannot forget that theatre and dance also have as long a history as sculpture or painting do.

05. Since your work is based on performances, it implies an intense connection, be it direct or indirect, with the public. Do you attempt to predict what that connection might be like, or is it also the object of research and discovery?

The connection is direct. We are discussing a political, in your face, kind of work.

The relationship with the public may or may not be the object of discovery. But both are always quite present – the politically conscious I. Sometimes I have more than one answer to different reactions. Other times I let myself go and the situation itself gives me the key answer.


06. Do you agree with Oscar Wilde when he says: Life imitates art far more than art imitates Life?

No, I don’t like the word “imitation”... inspiration maybe. Nothing repeats itself, life and art are ephemeral moments and manifestations.

07. What are you working on now?

Toilet zone among many other things... video installations, etc. But right now I’m focused on Toilet zone.

08. Here’s a somewhat vaguer question. What is the state of Art in Portugal?

Contemporary and politically void... actually, I could agree with Oscar Wilde on this one... an imitation (laughter).

09. An internation artist? And a portuguese one?

Marina Abramovic, among many others. Vera Mantero.

10. Where do you see yourself in 10 years?

Most definitely not in Portugal.

translated by Manuel Costa Campos

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