3 de setembro de 2008

Saudosismos desnecessários

Estava eu um destes dias a tentar adormecer quando fui assomado por uma recordação - a mira técnica. E qual não foi o meu espanto quando me apercebi que, numa época em que abraçar os anos 80 é quase uma condição para vivermos neste mundo, ninguém se tinha inspirado ainda na famosa mira colorida.

Podem pensar que esta recordação é um tanto descabida, senão mesmo bizarra, mas qual de nós (os nascidos nos fabulosos eighties) nunca acordou num fim de semana, ansioso pelos desenhos animados do único canal, e se deparou com pelo menos uma hora de mira técnica?

Pois é, eu tantas vezes a vi (era daqueles miúdos que por volta das 7h30 da manhã achava que já estava a perder tempo na cama) que penso que por vezes até comecei a vê-la a mexer-se, ou a falar comigo. E, com o passar do tempo, passou de imagem odiada (pelo tempo que faltava para os desenhos) a imagem saudosista de tempos passados (caso não tenham reparado, a mira técnica é coisa do passado. Agora temos televendas non-stop pela madrugada fora).

Mas afinal parece que já houve quem teve a mesma recordação e fez qualquer coisa de útil com ela. Descobri na minha breve pesquisa versões mais antigas da mira, a famosa versão que eu tanto vi, e até objectos-fetiche com poeira vintage que hoje tanto prezamos.

Pelos vistos, há sempre uma alma caridosa encarregue de pensar coisas pouco interessantes antes mesmo de nós próprios. Não vale por isso a pena termos saudades de coisas idas. What goes around, comes around.

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