Um artigo publicado no número de Agosto da Vogue India está a semear a discórdia. Desta vez, a polémica deve-se ao facto de o artigo de moda mostrar fotografias de Indianos pobres a usar acessórios de marca extremamente caros.
Num país onde cerca de 456 milhões de pessoas vivem com menos de $1,25 por dia, a reportagem mostra uma criança com um bibe da Fendi (por volta de $100), ou um homem descalço, sem dentes, a segurar um guarda-chuva da Burberry. (aproximadamente $200).
De um lado Kanika Gahlaut, editora do jornal Mail Today, considerou o artigo “não só piroso como completamente detestável”, “um exemplo de vulgaridade”.
Do outro Priya Tanna, a editora da revista, responde às críticas ao artigo: “Atenção, a Vogue fala acerca do poder da moda, e o artigo mostra que a moda já não é um privilégio de ricos. Qualquer um pode ostentá-la e torná-la bonita.”
A verdade é que, se investigarmos um bocadinho, vemos como aos quase meio bilião de pessoas com tão pouco dinheiro para sobreviver, se opõe uma classe rica em franco crescimento, assim como o aparecimento de uma nova e poderosa classe média. Isto torna a Índia num dos lugares mais atractivos para a venda de produtos de luxo.
O confronto entre a pobreza e a riqueza, ambas em crescimento, tem criado um verdadeiro dilema sócio-económico para os mercados de produtos: como se pode vender uma mala de 1000 dólares num país onde a maioria das pessoas não terá nunca esse dinheiro ao longo das suas vidas, e muitas incluindo morrem à fome?
A resposta não é certamente linear. Mas a resposta da editora de Vogue, que acrescenta dizendo que a revista não pretende ter uma atitude política ou salvar o mundo, também não foi a melhor.
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