Sabe quem lê este meu humilde blog, que não costumo fazer referências à minha vida quotidiana. Não é por mais nada senão pelo desinteresse que ela possa ter para a maioria das pessoas.
Resolvi quebrar hoje esse silêncio para vos falar do filme Ensaio sobre a cegueira, que vi ontem em antestreia nos cinemas de Alcochete.
Acredito eu (e se calhar sou só eu mesmo) que uma antestreia, mais do que o próprio filme, pretende homenagear, bem receber, mediatizar e promover um filme. Por esta razão fiquei bastante surpreendido com quase tudo o que ali aconteceu ontem à noite. Digo quase tudo, porque com efeito achei o filme bastante bom. Uma história bastante sincera sobre a condição humana e uma homenagem agradável ao nosso Nobel.
Elogios feitos, passemos agora à verdadeira razão deste post. A antestreia. Começa logo por ter sido escolhido um local tão agradável para o happening - Alcochete. Ahhhh, essa bela terra, nesse belo centro comercial ao ar livre. Perante esta escolha, José Saramago, presente no visionamento do filme, apenas disse "Eu não vinha a Alcochete há uma eternidade. Quando avistei o centro comercial pareceu-me que uma nave espacial tinha descido à terra, virei-me para o meu companheiro de viagem e perguntei-lhe - Mas onde estão os burros?"
Pois é. Burros fomos todos nós, os ilustres desconhecidos que se fizeram à estrada com o frio que estava, na esperança de presencear um fulminante momento de cosmopolitismo na nossa praça.
Passadeira vermelha, nem vê-la. A fila para entrar deixou-nos meia hora cá fora ao frio. A comida do belo do cocktail acabou em menos de 20 minutos (sim, eu sei, sobraram os suspiros radioactivos) e da welcome drink de vodka com coco, nem posso falar porque na verdade não gosto de coco.
Quando finalmente entrámos, e por uma ideia de gosto duvidoso de Xana Nunes, a organizadora, o staff do cinema apontou-nos focos directamente para a cara, numa tentativa de simular o efeito de cegueira. Pois, realmente, isso foi conseguido, na medida em que todos se queixavam de estarem quase cegos.
A press conference, um dos momentos supostamente altos de um antestreia, nem sinais dela, já que a imprensa teve quase de implorar por uma foto de Fernando Meirelles.
No fundo, e há boa maneira portuguesa, sou daqueles que não raramente cospem no prato em que comem. E para tentar (atenção tentar!) fugir à regra, acho que devo reforçar aqui o que de bom se passou ontem - a boa disposição de Saramago, a simpatia de Meirelles, e a não menor satisfação dos dois produtores (cujos nomes não me recordo).
Só não percebo porque tentamos fazer destes momentos mais do que aquilo que alguma vez conseguiremos. Uns comes e bebes sôfregos de comida pseudo-internacional (nem os nossos grandes produtos nacionais conseguimos impingir), uma tentativa de ver uns quantos famosos (do que poderemos sempre gabar-nos mais tarde) e de nos atirarmos aos actores e/ou actrizes que por lá andam.
Enfim, pérolas a porcos.
Resolvi quebrar hoje esse silêncio para vos falar do filme Ensaio sobre a cegueira, que vi ontem em antestreia nos cinemas de Alcochete.
Acredito eu (e se calhar sou só eu mesmo) que uma antestreia, mais do que o próprio filme, pretende homenagear, bem receber, mediatizar e promover um filme. Por esta razão fiquei bastante surpreendido com quase tudo o que ali aconteceu ontem à noite. Digo quase tudo, porque com efeito achei o filme bastante bom. Uma história bastante sincera sobre a condição humana e uma homenagem agradável ao nosso Nobel.
Elogios feitos, passemos agora à verdadeira razão deste post. A antestreia. Começa logo por ter sido escolhido um local tão agradável para o happening - Alcochete. Ahhhh, essa bela terra, nesse belo centro comercial ao ar livre. Perante esta escolha, José Saramago, presente no visionamento do filme, apenas disse "Eu não vinha a Alcochete há uma eternidade. Quando avistei o centro comercial pareceu-me que uma nave espacial tinha descido à terra, virei-me para o meu companheiro de viagem e perguntei-lhe - Mas onde estão os burros?"
Pois é. Burros fomos todos nós, os ilustres desconhecidos que se fizeram à estrada com o frio que estava, na esperança de presencear um fulminante momento de cosmopolitismo na nossa praça.
Passadeira vermelha, nem vê-la. A fila para entrar deixou-nos meia hora cá fora ao frio. A comida do belo do cocktail acabou em menos de 20 minutos (sim, eu sei, sobraram os suspiros radioactivos) e da welcome drink de vodka com coco, nem posso falar porque na verdade não gosto de coco.
Quando finalmente entrámos, e por uma ideia de gosto duvidoso de Xana Nunes, a organizadora, o staff do cinema apontou-nos focos directamente para a cara, numa tentativa de simular o efeito de cegueira. Pois, realmente, isso foi conseguido, na medida em que todos se queixavam de estarem quase cegos.
A press conference, um dos momentos supostamente altos de um antestreia, nem sinais dela, já que a imprensa teve quase de implorar por uma foto de Fernando Meirelles.
No fundo, e há boa maneira portuguesa, sou daqueles que não raramente cospem no prato em que comem. E para tentar (atenção tentar!) fugir à regra, acho que devo reforçar aqui o que de bom se passou ontem - a boa disposição de Saramago, a simpatia de Meirelles, e a não menor satisfação dos dois produtores (cujos nomes não me recordo).
Só não percebo porque tentamos fazer destes momentos mais do que aquilo que alguma vez conseguiremos. Uns comes e bebes sôfregos de comida pseudo-internacional (nem os nossos grandes produtos nacionais conseguimos impingir), uma tentativa de ver uns quantos famosos (do que poderemos sempre gabar-nos mais tarde) e de nos atirarmos aos actores e/ou actrizes que por lá andam.
Enfim, pérolas a porcos.
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