14 de abril de 2009

< Anti-estrela vence Pritzker >

image by Gerry Ebner

Peter Zumthor, arquitecto suíço, 65 anos, foi o vencedor do prémio Pritzker 2009.

Contrariando a tendência de premiar uma vaga de arquitectos-estrela, como Rem Koolhaas, Renzo Piano, Herzog e de Meuron ou Jean Nouvel, o júri resolveu premiar, desta vez, um homem recatado, na vida tanto como na obra, descendente de um marceneiro, e habitante numa aldeia nos Alpes.

No Verão passado tive a oportunidade de o ouvir numa conferência, no âmbito do Warm Up da Experimenta Design. Durante cerca de uma hora, o arquitecto transportou-nos a todos para o mundo mágico das suas obras, da sua casa e do seu atelier. O mundo em que vive, em que sempre viveu e em que se sente realmente bem.

Por essa altura o arquitecto confirmou aquilo que costuma dizer, nas raras vezes em que concede uma entrevista: que não está interessado no dinheiro nem na fama, mas na construção de uma obra completa, acabada e a caminho da perfeição. Numa entrevista ao Público, por essa altura, disse "Se me disserem que posso fazer o que me apetecer e que basta ter o meu nome, então estou fora". Com isto, estava porventura a dar uma chapada de luva branca nos arquitectos de autor, sobre os quais tantas vezes nos pronunciamos.

Zumthor é um homem distante que pode ser definido enquanto um arquitecto da poesia, do valor da obra pela obra, e da obra para a vida.

Algumas das pessoas que me são mais próximas, também arquitectas ou de áreas oriundas, elegem-no como o melhor arquitecto vivo. Eu não chegaria a tanto, até porque admiro, de maneiras muito diferentes, obras de diferentes arquitectos. Mas dado que a faixa etária dominante das pessoas a que me refiro situa-se entre os 20 e os 30 anos, poderemos estar aqui a assistir a uma reviravolta no mundo da arquitectura. Quem sabe se a futura geração de arquitectos não se descolará um pouco da lógica da obra para o prémio? Aguardemos.


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