4 de junho de 2007

Bicicleta bem-a-queremos…bicicleta mal-a-queremos…

No fim de semana passado, com o bom tempo que estava, fui, como muita gente, à praia.

Fui à praia de Santo Amaro de Oeiras, que, para quem não conhece, se encontra neste momento ligada ao porto de abrigo de Oeiras por um paredão que corre paralelo à parte final do rio Tejo. É, desde o seu início um caso de sucesso tremendo. Era sem dúvida um espaço de fruição, mas não o único, que faltava à linha de Cascais.

Estava eu a passear com amigos quando, de repente, ouviu-se uma série de apitadelas (irritantes por sinal). Tratavam-se de dois agentes da PSP da brigada de bicicleta, responsáveis pela segurança deste espaço, que apitavam para mandar parar dois rapazes que ali circulavam, calmamente, também de bicicleta. Depois de uma breve perseguição (de bicicleta como é claro) os jovens foram parados, tendo sido-lhes passada uma multa por infracção das normas de uso do paredão. Ao que parece, é proibido circular de bicicleta entre o dia 1 de Maio e o dia 31 de Outubro, nas horas de sol (não sei precisar ao minuto).

Eu já tinha ouvido uns rumores de que no paredão, à semelhança do que tinha acontecido no de S. João-Cascais, iria proibir-se a circulação de bicicleta, mas nem quis acreditar. Penso que se trata da medida menos acertada que podia ser tomada num espaço destes.

É certo que a circulação de bicicletas em locais onde a circulação pedonal é intensa, se torna perigosa. Mas proibirem a circulação de bicicleta, exactamente durante o período do ano, e a altura do dia que mais pessoas poderiam beneficiar deste espaço, não só para lazer, mas inclusivamente para deslocações para o local de trabalho parece-me contraproducente. Trata-se de darem ao concelho de Oeiras um incentivo ao uso deste meio de transporte, e logo de seguida proibirem o seu uso. Isto, naturalmente, confundirá os utentes.

Existem maneiras de evitar o perigo decorrente da sobreposição de usos, nomeadamente com barreiras físicas que separem as duas faixas de circulação. E o referido paredão tem largura mais do que suficiente para permitir a concretização desta medida.

No mesmo dia, li uma notícia publicada na revista Visão, sobre os planos para a construção de uma rede de Ecovias no Algarve. Um sistema circular, de ecovias que ligam os 12 concelhos algarvios, litorais e interiores, passando tanto em zonas urbanas, como em zonas rurais. Muitos troços foram desenhados aproveitando as zonas incluídas em Rede Natura 2000. Pela notícia, grande parte das ecovias (sobretudo as litorais) estarão concluídas em novembro deste ano.

Este é para mim, ao contrário do primeiro, um acontecimento extremamente positivo. Portugal deveria ser todo ligado por uma rede de ecovias, que por sua vez podiam e deviam ser conectadas às já existentes em Espanha. Só assim conseguimos fomentar o passeio de bicicleta ou ainda, mas não menos importante, a sua utilização para deslocações casa-trabalho.

Esperemos que os concelhos algarvios não se lembrem também de tirar o rebuçado da boca de todos os ciclistas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pelo que sei, é mesmo tirar o rebuçado da boca dos ciclistas.

Se pesquisares um pouco vais ver que está tudo muito mal resolvido, o projectista deveria ter ido à Holanda ver como se faz uma ciclovia e ai sim, desenhar uma que fosse funcional e agradável.

www.sleurope.deviantart.com