Em 1962, depois de inúmeras publicações científicas na área da zoologia e de uma passagem no Departamento das Pescas e Natureza do governo norte-americano, como editora-chefe de todas as publicações, Carson publicou um estudo sobre os movimentos migratórios de populações de aves. No estudo, a cientista relacionava a redução do número de aves com o aumento da utilização de pesticidas. Entre estes encontrava-se o DDT, desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial, como forma de combater o insecto da malária.
Uma das ideias mais importantes e inovadoras defendidas no livro era a noção de mundo natural como um todo. Tudo o que sucedia a um dado elemento de uma cadeia, repercutia-se a todos os outros elementos dessa mesma cadeia, acima ou abaixo. Nenhuma alteração era inconsequente.
Ainda não havia passado um ano, quando Carson foi chamada ao Congresso dos EUA para defender a sua tese e avançar com medidas de protecção ambiental. Tais medidas culminaram na proibição do uso do DDT em solo americano, medida levada a cabo pelo próprio presidente Kennedy. Os EUA tornavam-se assim o primeiro país com um conjunto estratégico coeso de medidas ambientais (curioso como as coisas se voltaram do avesso…)
Carson tornou-se rapidamente num fenómeno. Sobretudo porque por trás desse fenómeno estava uma ideia forte – um raciocínio inovador - a coragem para o expor, e a tenacidade para o defender.
Com efeito, a luta que a indústria química abriu contra Carson atingiu tais proporções que, quando devidamente contextualizada, tem sido várias vezes comparada à de Galileu, com a Teoria Heliocêntrica, ou à de Darwin, com a Teoria da Origem das Espécies.
A polémica descontrolou-se ao ponto da grande máquina da indústria fazer desacreditar a cientista, ao dizer que esta luta não era mais que uma reacção amargurada do seu já avançado cancro na mama.
Assinalou-se ontem uma data importante - o Dia Mundial do Ambiente. E não o podemos celebrar conscientemente sem prestarmos o devido tributo à luta de uma vida. A Rachel Carson. Polémicas à parte, a ela devemos a definição dos principios que estão na base da Ecologia moderna.
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