Após ter visto a palestra de Norman Foster na DLD Conference em Munique, pus-me a fazer contas. Umas contas muito simples, mas daquelas que deixam qualquer um estarrecido.
Comecemos por comparar três das maiores potências mundiais – os E.U.A., a Federação da Rússia e a República Popular da China – em dois parâmetros, a sua população e o tamanho do seu território:
E.U.A.
População – 300 milhões de habitantes
Território - 9 629 091 km²
FEDERAÇÃO DA RÚSSIA
População - 152 milhões de habitantes
Território - 20 100 500 km²
República popular da China
População - 1,31 bilhão de habitantes
Território - 9.640.821 km²
Atentando ao facto de que, por razões diversas, apenas cerca de metade do território russo é realmente habitado, conseguimos uma base de comparação, ainda que teórica – as três potências estendem-se em territórios os quais, apesar de substancialmente diferentes, têm tamanhos semelhantes.
No que respeita à população, a Rússia detém cerca de metade dos habitantes do E.U.A., enquanto que a população chinesa é quase 4 vezes e meia superior à americana.
Tomando em consideração os factos apresentados, juntemos agora aqueles que são talvez a mais importante infra-estrutura das sociedades da comunicação – os aeroportos. Actualmente, os E.U.A têm cerca de 10.000, a Rússia 1.500 e a China cerca de 150. De ordens de grandeza diferentes, os números espelham bem sociedades também muito díspares.
Mas a grande notícia, e simplesmente por não me ter apercebido disso antes, foi dada por Norman Foster há poucos dias em Munique. Disse o Arquitecto que, na próxima década, a China irá construir 400 (sim quatrocentos) novos aeroportos no seu território. Quarenta por ano, três por mês…e poderemos continuar a fazer contas…
O quer isto dizer? Bom, assim dito provoca tanta admiração que diremos logo que os valores orbitam noutra escala. É certo que a China representa, per se, outra escala, outra economia, outra força, e até outra cultura, mas num esforço comparativo das diferentes potências mundiais, o que significa construir 400 novos aeroportos num espaço temporal tão curto?
Pela discussão tão acesa que estamos a ter por causa do nosso (modesto) novo aeroporto, depreende-se que a construção de uma infra-estrutura tão importante, prende-se com factores como a localização, o tamanho, o desenho, as implicações económicas, urbanas e ambientais, o espaço aéreo e os seus fluxos, as acessibilidades e, no fundo, todas as dinâmicas evolutivas territoriais. A sua construção deve ser cautelosa e a pergunta que se impõe é a de como será possível gerir tanta informação, não para um, mas para 400 novos espaços destes.
Norman Foster, cujo gabinete tem estudado algumas destas novas catedrais em território chinês, termina este raciocínio perguntando-se que forma deverão ter os novos espaços. Penso que a pergunta é muito mais vasta e profunda. Que alterações provocarão estes novos espaços, implementados de forma tão autoritária, do ponto de vista social, ambiental, económico e urbano. E, sendo os aeroportos, espaços para as pessoas, terão sido as pessoas consideradas no seu processo de desenvolvimento que é, no fundo, o processo de desenvolvimento de toda a China?
China, 10 years from now
After having seen Norman Foster’s lecture at the Munich DLD Conference, I started making some calculations. Simple as these calculations may have been, they left me quite overwhelmed.
Let’s start by comparing three of the world’s most powerful nations, the U.S.A, the
Population – 300 million
Territory - 9 629 091 km²
Population - 152 million
Territory - 20 100 500 km²
people’s Republic of china
Population - 1,31 billion
Territory - 9.640.821 km²
Considering the fact that, for a number of reasons, only about half of the Russian territory is inhabited, we manage to come up with a basis for comparison, even if only theoretical – these three nations are built upon territories that, apart from their obvious differences, have similar sizes.
When it comes to the population count,
Having shed the light on these facts, we now turn to consider those that are seen as possibly the most important infrastructures of the so-called communication societies – airports. Presently, the
But the big news, quite simply because I just became aware of it, was given by Norman Foster a few days ago, in
What exactly does this mean? Well, put this way it causes such bewilderment that we immediately believe these values are, to say the least, out of the ordinary. It’s true that
Considering the all too discussed matter of where the new Portuguese airport is to be built, we can understand that for such an important infrastructure, conditions such as location, size, design, economical, urban and environmental implications, air space and traffic, accessibility and all the possible territorial evolutions, must be taken into account. Such an ordeal must be cautiously planned and the question that imposes itself is that which asks how it will be possible to manage so much information, not for one but for 400 of these new spaces.
Norman Foster, whose office has been studying some of these new cathedrals in Chinese territory, ends this thought asking himself what form these new spaces are to adopt. I believe it is a much deeper, pressing question. What changes will these new spaces bring, imposed in such a totalitarian manner, from the social, environmental, economical and urban points of view? And, being airports spaces for the people, have they really been even thought of in this process of development, which is, in truth, the process of growth of
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