Embora um pouco épico demais, o vídeo mostra o projecto por trás de Masdar.
27 de fevereiro de 2008
24 de fevereiro de 2008
Abu Dhabi volta a marcar
Abu Dhabi tem vindo a demarcar-se como um dos países onde os esforços para atingir novas e poderosas metas no domínio da sustentabilidade, mais se têm notado.
No final de Janeiro, e em conjunto com o WWF, o governo deste país anunciou a criação de uma vila ecológica em pleno deserto. Além de ser a primeira iniciativa do género, pela sua escala, Masdar, a nova cidade, inova até pelo facto de ser totalmente infraestruturada em solo desértico.
Estima-se que a futura cidade, construída nas proximidades do aeroporto, terá cerca de 50.000 habitantes em 2015 e será a primeira cidade sem emissões de carbono, sem desperdícios e sem automóveis.
Para que isto seja possível, o projecto, desenhado pela mão do gabinete Foster & Partners, segue, entre outras, as seguintes medidas:
- Nenhum habitante viverá a mais de 200 metros do comércio e serviços;
- Um eficiente sistema de transportes públicos automatizados, tornará desnecessário o uso do automóvel;
- A reciclagem permitirá a redução de 80% no consumo da água dessalinizada;
- A energia solar será a principal fonte de energia, através da implementação de uma rede de painéis fotovoltaicos;
- As culturas agrícolas servirão para a alimentação e para a produção de bio-combustível;
- Serão utilizadas técnicas para a captação eficiente de carbono.
A par destas medidas de cariz urbano e técnico, o sucesso da nova cidade passa ainda pela concretização de metas económicas ambiciosas, como a fixação da sede das mais importantes “empresas verdes” internacionais, ou ainda a pesquisa científica nas áreas do Ambiente e Ecologia, levada a cabo pelo Instituto Masdar de Ciência e Tecnologia.
Masdar surge como o primeiro projecto integrado a seguir as 10 directrizes do Programa One Planet Living da WWF. O arranque está previsto para o mês de Fevereiro, e embora tudo não passe ainda de uma miragem, os primeiros habitantes são esperados já em 2009.
Numa época em que o discurso da Sustentabilidade, confesso, já enjoa, surge enfim um projecto revestido de princípios urbanos, tecnológicos e técnicos verdadeira e consistentemente sustentáveis. A WWF acredita que Masdar, a cidade prometida do século XXI, é o ponto de viragem no modo de construção das cidades e quem somos nós para não o fazer. Lutemos então para o seu sucesso!
1 de junho de 2007
Petrodólares mais verdes?
Abu Dhabi tem vindo a consolidar-se como uma das cidades mais inovadoras não só dos Emirados Árabes Unidos (EAU), mas do mundo. Quando a utilização do solo desértico começou a aproximar-se dos valores máximos, surgiram ilhas artificiais com condomínios privados. Quando os arranha-céus de escritórios (que rivalizam com os norte-americanos) começaram a fartar, projectaram-se museus, universidades, salas de concertos e casinos. Aquilo que começou por ser uma miragem, acabou por se tornar numa das cidades mais prósperas das últimas décadas. E, aos poucos, todos os nomes sonantes da arquitectura quiseram cunhar a sua marca – Jean Nouvel, Frank Gehry. Zaha Hadid,…
Nada disto é difícil quando estamos a falar de uma cidade-estado com 10% da produção mundial de petróleo (cerca de 2 milhões de barris por dia). Já para não falar das maiores reservas de gás do mundo (mais de 20 triliões de metros cúbicos).
Mas os EAU encontram-se num ponto fulcral do seu desenvolvimento. Segundo uma notícia publicada ontem no International Herald Tribune (www.iht.com) , o governo destes estados passou de uma atitude de novo-rico, tentando construir os melhores e os maiores hotéis, para uma atitude consciente , procurando atingir as mais altas eficiências ambientais e ecológicas.
Muito deste esforço deveu-se ao falecido governante dos EAU, o Sheik Zayed bin Sultan Al Nahyan, um declarado ambientalista “muito antes do termo ser moda”, segundo o referido jornal. Entre algumas das suas medidas mais populares, encontram-se a plantação de mais de 120 milhões de árvores nos Emirados, a criação de leis de protecção do património faunístico e florístico, bem como de uma agência encarregue de as fazer valer, ou ainda a criação de uma grande zona protegida em solo desértico.
Actualmente essa filosofia continua presente, sobretudo graças aos esforços do seu filho, o actual governante deste território. Verifica-se pois que a atitude de respeito para com o ambiente não foi uma mera questão de modas (como tantas vezes acabamos por constatar) mas talvez o início de uma verdadeira mudança cultural de uma nação.
Estamos perante um caso em que, assente numa fortuna incalculável proveniente do petróleo, surgiu uma consciência ambiental e ecológica consolidada.
Bem sei que o dinheiro torna tudo mais fácil. E neste caso cumpre-se a vontade soberana, o que ainda torna o processo mais autoritário. Mas também sei que países com fortunas ainda maiores que os EAU, como os EUA (atenção à possível confusa com as siglas!), não só não tentam desencadear processos semelhantes, como ainda tentam bloquear aqueles que tentam fazer alguma coisa para mudar e insistem em violar sistematicamente todos os acordos internacionais que procuram chegar a consensos e equilíbrios.
Portugal não pode proceder da mesma forma, mas apenas acreditar que, de formas inovadoras, se pode ir mudando a mentalidade e, por isso, a vontade de um povo, de uma Nação. Tomemos então isto como exemplo.