A crescente proporção de ocupação dos vazios urbanos por áreas hortadas, nomeadamente com a ocupação de percursos paralelos às auto-estradas e mesmo os próprios taludes, como acontece, por exemplo, na A5, CREL, 2ª Circular e IC 19 exige uma reflexão cuidado sobre o assunto. A existência destes pequenos espaços livres cultivados no espaço urbano, representa para muitas famílias uma necessidade não só económica como cultural, que deve ser incentivada e não ignorada. Estes espaços permeáveis, na sua essência, e plenos de vida, têm uma importância indispensável para a sustentabilidade ambiental e para a manutenção da biodiversidade, ajudando à continuidade de corredores verdes no interior dos perímetros urbanos, assegurando uma maior qualidade ambiental e de vida para os habitantes locais.
A necessidade de praticar agricultura urbana ganha ainda mais força se tivermos em consideração a sua dimensão universal. Em todo o mundo existem 800 milhões de pessoas que se dedicam à prática de agricultura urbana, o que corresponde a 15% da produção mundial de alimentos, sendo que nos países da comunidade europeia, 30% da agricultura é praticada por agricultoras a tempo parcial, que têm outras profissões.
Em Portugal, nos anos 50, o Arqº Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles e o Prof. Francisco Caldeira Cabral realizaram um projecto de hortas para Pedrouços, Lisboa. Posteriormente, foi criado o Parque Periférico de Benfica a Carnide, com uma área de
No entanto, este tipo de ocupação espacial não reúne consenso. Se muitos reconhecem o seu valor social e económico e a sua inquestionável importância nas áreas urbanas, outros anseiam pela sua extinção. Veja-se o caso das hortas de Paço de Arcos, adjacentes à ribeira de Porto Salvo, que estão a ser arrasadas para dar lugar a gigantes de betão. Embora o departamento de planeamento e gestão urbanística da Câmara Municipal de Oeiras assegure que os edifícios não se encontram em leito de cheia, esta não é, com certeza, a ocupação do solo mais favorável, contribuindo para a degradação do equilíbrio ecológico.
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