Faz hoje 20 anos o incêndio que deflagrou no Chiado. Iniciou-se às 4h30 da manhã, nos armazéns Grandela, supostamente devido a um curto-circuito, durou 8 horas, destruíu 18 edifícios pombalinos e atirou 2000 pessoas para o desemprego.
Em 1991 iniciou-se o plano de revitalização, encabeçado por Siza Vieira e que veio a tornar o Chiado naquilo que é actualmente. Segundo o arquitecto, o plano está quase concluído, faltando apenas uma ligação pedonal entre os pátios interiores da Rua do Carmo e o Convento.
As opiniões sobre o novo rosto desta zona são várias. Certo é que a Fénix renasceu das cinzas, e tem hoje mais comércio, sendo um dos muito poucos pontos lisboetas onde o comércio de rua é fomentado. Há até quem ache que "a tragédia acabou por se tornar numa oportunidade de devolver à zona a posição de montra da capital, outrora alcançada nos seus clubes, hotéis, cafés, tertúlias, teatros, igrejas, cinemas e lojas elegantes" (Appio Sottomayor).
Mas se o comércio se manteve, o que dizer da falta de contacto entre as pessoas que por lá passam, cada vez mais concentradas nas montras? Siza Vieira reconhece que "a recuperação que fiz foi apenas de 22 edifícios, e não do centro histórico. Foi muito pouco. A Baixa devia estar cheia de vida, mas à noite morre".
É certo que a revitalização urbana de centros históricos é um processo moroso, difícil e polémico. Mas é também certo que antes da revitalização física da cidade, ela tem de começar nas cabeças de quem vive esse espaço. E os lisboetas ainda não conseguiram definir aquilo que realmente querem para a zona nobre da sua cidade.
Talvez o Chiado esteja "mais bonito, mas mais desumanizado".
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