21 de maio de 2007

Angústias. Causa? Eleições em Lisboa

Tenho andado angustiada. Quando me parecia (ingenuamente) que em Portugal se começava a ter uma visão mais informada e consciente da política e dos políticos e que uma maior participação cívica na nossa sociedade se aproximava, eis que me deparo com este período pré campanha eleitoral, em Lisboa. Preocupa-me que, numa eleição com esta importância, apareça um candidato que parece ser já encarado como o vencedor inevitável, e isto sem discussão, sem atitude crítica, sem olhar às alternativas, sem ideias, sem…nada.
Encontrei eco desta minha angústia no artigo de Pacheco Pereira intitulado “Poder: O que é tem muita força”, no Público de Sábado, 19 de Maio, onde se lê:
Na candidatura de Costa já se pode perceber como funciona essa enorme pressão do poder, típica das candidaturas que já ganharam antes de ganhar.
Nós pensamos muitas vezes apenas nos partidos, mas, em democracia, mais importante do que os partidos é a dualidade poder-oposição ou, melhor ainda, a existência ou não de um tónus crítico do debate público que não seja afectado pela presença obsessiva do poder. Liberdade não só no papel, mas também nas cabeças. Essa não só falta, como está a ficar cada vez mais rarefeita
”.
(…)
Mais do que divisões políticas e partidárias, que também têm um papel, é a força do poder que se exprime nua e crua na facilidade com que se aceita o facto consumado, como se torna “consensual” esse facto consumado. Não se conte para contrariar esta realidade com a comunicação social, que, salvo honrosas excepções, é particularmente sensível ao exercício do poder, a que dá sempre caução, nem que seja pelo amesquinhamento de quem o não tem e pela protecção que dá a quem o tem”.
Tal como nas eleições à Presidência da República, em que a candidatura independente de Manuel Alegre obteve o segundo lugar, ultrapassando Mário Soares que à partida parecia ter mais hipóteses (pelo menos pareceu ao PS), era bom que a candidatura da agora independente Helena Roseta tivesse um bom resultado (ou seja, que ganhe). E não apenas porque é independente, mas porque é reconhecidamente uma profissional competente, dedicada a causas e com ideias concretas para Lisboa. Não era isso que deveria importar?
Não percebo esta grande incoerência dos portugueses que a todo o momento se queixam dos políticos, dos partidos, que estes se servem do poder para servir interesses próprios, que se servem do país e não o país. Mas quando chega a hora de votar…bem, aí é outra história. Mais vale ficar do lado de quem ganha. Mas porque não arriscar? Pior do que estamos é impossível.
Embora angustiada, espero, até ao fim, que Roseta ganhe. Quero continuar optimista.

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