A Estação Agronómica Nacional (EAN), localizada no extremo poente do concelho de Oeiras, é actualmente tutelada pelo Ministério de Agricultura (MA), funcionando como Unidade Operativa de alguns institutos que lhe são subordinados. Até aqui, tudo bem. Uma propriedade deste tamanho vocacionada para a investigação na área agrícola e agronómica é um bom princípio.
Mas que essa propriedade, imensa e imensamente valiosa, não seja aproveitada (aproveitada? nem sequer é conhecida!) pelos munícipes, é um facto lastimável. Um património com este valor deveria servir sobretudo como infra-estrutura verde. Para ser utilizado pelas pessoas, para ser vivido pelas pessoas, para….ter pessoas…e não ser aquilo que é hoje – um paraíso invisível e por isso congelado.
Longe da vista, longe do coração. Os oeirenses não sabem o que têm dentro dos limites do concelho em que vivem. E não conhecendo o valor, não se aperceberão por certo das ameaças que poderão vir a existir.
Não pretendo incorrer em alarmismos desnecessários. Neste momento o MA assegura o funcionamento básico da estação. Mas esta paisagem, valiosa ecológica e culturalmente, poderia facilmente tornar-se visível. Bastaria abrir as portas. Bastaria assegurar as funcionalidades e infra-estruturas mínimas para fazer deste paraíso perdido num manifesto vivo do que o concelho de Oeiras tem de realmente valioso para oferecer.
Porquê imagens poéticas bacocas à entrada do concelho quando podíamos oferecer uma incursão no fabuloso mundo da ruralidade em meio urbano? Estamos com medo de mostrar Oeiras ligada a um dos últimos redutos agrícolas? Envergonho-me mais com o cortejo do Rei que vai nu.
Abaixo o Parque dos Poetas…viva a Paisagem Agrícola da Estação Agronómica.